Quantas vezes você ouve as pessoas discutindo sobre realidade, vida real, etc.? Pois saiba você, que essas pessoas estão completamente equivocadas sobre esses conceitos, a maioria de nós, seres humanos está. A realidade é efêmera e inapreensível, e vida real, essa não existe mesmo. Não, eu não estou louca.
A realidade é apenas o momento do agora, que você está vivendo, bem agora, e que quando chegar ao ponto final dessa frase, já terá passado, já será outro momento, outro agora. O que nos leva a outra questão: o presente não dura mais que um instante. O passado já existiu, acabou de passar e o futuro começa frações de segundo depois de agora, separado do passado, por um insignificante momento, que se torna passado quase que imediatamente ao ser presente. O presente só pode ser contido no tempo da ação, se você desvia os olhos do texto, ou passa a próxima palavra, já é um outro presente, um outro agora, uma outra ação.
E a realidade? Só existe na prática, só existe na ação. Tudo mais são representações da realidade. Mesmo as notícias transmitidas em tempo real, são representações de uma realidade, não a sua. Pense bem: a vida é um grande teatro: vivemos pelas representações. Fotos, leis, fala, escrita, livros, televisão, videogame, educação, dinheiro, tudo isso representa um fragmento de realidade e são essas representações que nos tornam humanos. Então, se tudo na vida de um ser humano é representação, tecnicamente, não existe vida real. Esse conceito deve ter sido inventado para diferir a vida humana das ações de personagens ficcionais.
Mas esse conjunto de representações tem um nome que algumas pessoas dizem: "hã?". Imaginário. Um imaginário coletivo não é somente fantasias, lendas e arquétipos (que por sinal, também são maneiras de representar a realidade) de um grupo de pessoas é todo o sistema de representações de uma sociedade. Respeitar as leis, ter um código de conduta profissional, ser honesto, acreditar que pedaços de papel estampado tem valor, a própria concepção de valor, ler, escrever um bilhete, ser simpático, todas essas operações exigem raciocínio, memória e sobretudo, imaginação.