sexta-feira, 25 de junho de 2010

Copa o quê? Copa do Brasil?

Eu já nem sei se sou eu que estou envelhecendo e ficando mais rabugenta do que natural, ou será que essa edição da Copa do Mundo tá meio chocha mesmo. Eu gosto muito de futebol, mas os únicos jogos até agora que me deram alguma alegria foram Brasil Costa do Marfim e Eslováquia X Itália e mesmo assim, nada que não pudesse ser visto num jogo da Copa do Brasil, tipo Fluminense X Ceará. Façam-me o favor!
Vexame após vexame! Grosseria após grosseria!
Duas seleções campeãs do mundo já voltaram pra casa. A França com uma campanha lastimável e a Itália que teve preguiça e só se lembrou de jogar no segundo tempo do último jogo. No fundo, achei bem feito! Quem mandou que tirassem onda de favorita? 
Inglaterra e Alemanha já vão se encontrar na próxima fase e alguém já fica para trás.
Técnico que escala jogador pelo signo (como se horóscopo desse certo) e apela porque perdeu no nível "assim não vou brincar". Já pensou se o pobre do Parreira, que ficou lá com a mão estendida, fosse apelar todas as vezes que seu time fosse eliminado de uma Copa? O cara já tinha morrido de depressão!
Técnico que xinga jornalista em público (jornalista bom e coerente). O Maradona cantou parabéns para um jornalista, enquanto o Dunga faz um papelão desses! Todo o mundo, literalmente, vai achar que eles los hermanos são mais educados que a gente! Não pode! Depois chora, pede desculpa, se faz de vítima. Não aguenta pressão, não pode ser técnico! Todo mundo tem problemas, todo mundo tem alguém doente na família e isso não justifica sair escoiceando "Deus, Raimundo e todo mundo".
E o varão ungido de nossa seleção? Reclama que um jornalista conceituadíssimo, de quem eu sou fã, o persegue por não respeitar sua crença (o que não é nem de longe verdade), porque o dito jornalista seria ateu. Ele já ouviu falar em liberdade de culto? Que cada um crê ou deixa de crer no que quiser? Que se eu quiser fundar uma igreja idolatrando um bicicleta eu poderia? Acho que não. Ele não faz idéia, ou não quer fazer, que o que ele disse é preconceituoso e grosseiro!
E a Costa do Marfim? Esqueceu do futebol! Achou que era uma disputa coletiva de "lucha libre"!
Mas também também teve muita coisa legal!
A seleção brasileira recebendo os garotos sulafricanos.
Os japoneses vibrando pela classificação.
A cantoria dos Bafana Bafana e sua torcida.
A felicidade da Eslováquia que bateu a atual campeã eliminando-a.
E é claro, a nossa classificação! Sou chata, mas não sou espírito de porco! Não vou sair gritando HEXACAMPEÃO! Porque o Brasil não tá jogando nada! Mas eu torço e quero muito que o Brasil vença a Copa, pois só o futebol nos redime da pobreza, da desigualdade e de nosso complexo de vira lata.

Maternidade compartilhada

Tá legal, sei que me ausentei mais do que deveria, mas eu tive justa razão. Dandara pariu e foi uma tarefa hercúlea o pré e pós parto de minha fiel companheira.
A cadela parecia que ia explodir e não paria. Tales e Fernanda, meus amigos e veterinários dos meus amados cães já estavam preocupados e pediram um ultrassom - que foi? Cachorro também tem direito a ultrassonografia, oras, ainda mais a minha. Resultado: cesariana a vista. Quando a Fernanda me disse que eram pelo menos cinco filhotes, meu estômago revirou e não me lembro de escutar o final da frase, se é que houve.
Cesariana concluída e seis filhotes nascidos, um não sobreviveu, já estava muito fraco. Dandara nem quis saber, rejeitou os rebentos. Tales me ligou para avisar e aí começa meu real calvário (meu e de Juliano, porque meu maridinho, apesar de tudo, topa minhas loucuras e colabora bastante quando o assunto é canino): busca a cachorrada, compra leite em pó, compra mamadeira, prepara mamadeira, ninguém mama, liga pra Fernanda, volta pra farmácia, compra seringa, dá o leite na seringa, Dandara nem aí, esquenta água, enche garrafa de refrigerante com a água, coloca no bercinho, arruma os filhotes por cima, cachorrada chorando sem parar, liga luminária em cima do berço, só tem lâmpada fria, Karley corre pra buscar uma lâmpada comum, liga a luminária.
A cada duas horas, a mesma novela: prepara a mamadeira, esquenta a água, enche as garrafas, amamenta na seringa e Dandara nem aí, eu dormindo na sala e ela na minha cama (que ela pensa que é dela). Oito e meia, dez e meia, meia noite e meia, duas e meia, quatro e meia, seis e meia. Daí eles dormiram e nós só dávamos o leite quando acordavam, aí pudemos dormir um pouco, revezando o plantão. Naquela noite decisiva nenhum filhote morreu.
Já a noitinha, Juliano percebeu que a Dandara tinha mais leite e nós a enganamos. Juliano brincava e adulava enquanto eu colocava os filhotes para mamar. A Dandara teve uma iluminação e entendeu que aqueles filhotes eram dela e não meus. Ainda fizemos plantão mais duas noites para garantir. Fico exausta só de lembrar! Não que eu já tenha me recuperado plenamente, mas o esforço valeu a pena. Agora estão, certamente, com o dobro do peso e saudáveis.
Eu sei que tem gente que me acha louca. Outro dia fiz um cálculo e descobri que o que nós gastamos com nossos cães por mês, tem gente que não pode gastar com filho, quase tive uma crise de consciência. Quase, porque apesar de adorar crianças, gosto ainda mais de cães. Que foi? Já dizia o ex ministro Magri "cachorro também é ser humano"!
Muito obrigada a meus amigos Eneida e Karley, Kerley e Lorena, Fernanda e Tales, pois sem eles, talvez nós não tivéssemos conseguido.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Futebol - paixão mundial

É incrível a força agregadora que tem o futebol! O mundo inteiro ligado, como se o futuro do planeta dependesse de um jogo! Não estou menosprezando, eu mesma sou uma fanática: torço, choro, xingo, me descabelo, sou praticamente uma hooligan.
É impressionante o que as pessoas fazem para assistir um jogo! Tenho visto nesses dias, nos noticiários de ESPN, como as pessoas pelo mundo tem se virado para assistir os jogos da Copa e quase todas as alternativas me remetem a um filme que assisti, "A grande final" (La gran final. Espanha. 2006. Geraldo Olivares).
O filme narra história de três grupos de torcedores que  tem ideias mirabolantes para assistir a final da Copa de 2002. O roteiro seria até convencional se esses torcedores não fossem índios do Alto Xingu, beduínos e mongóis nômades. Divertidíssimo!
Também adoro a propaganda do Rexona, onde os homens são transformados em zumbis pelo futebol.
E as propagandas da Skol, onde os argentinos passam a torcer pelo Brasil? Ótima!
Mas, torcidas a parte, a Copa do Mundo é realmente um momento mágico! Parece que o todo o planeta para, que a paz se instala e que o Oriente Médio é tragado temporariamente por um buraco negro.
É a temporada da concórdia e da celebração da diversidade, pena que dura só um mês.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Multiculturalismo e hipocrisia


Um dia desses, conversava com minha amiga Michelle sobre a idéia de pós modernidade, como as idéias e os discursos ficaram estanques e embaralhados ao mesmo tempo. Uma das idéias que muito me chamam a atenção é a de uma identidade latinoamericana distanciada de heranças européias. Como assim? Cadê o tal do multiculturalismo?
Não somos culturas cafuzas onde somente os elementos marginalizados tiveram influência relevante. Somos culturas crioulas, híbridos de latinos colonizadores, culturas locais e incorporadas, ou alguém nesse planeta desconhece o significado de latino? Nós falamos português e espanhol. Nosso ethos é ocidental, com grandes influências ameríndias e africanas, mas somos reconhecidamente ocidentais . Sem hipocrisia, também não se pode acreditar que o ethos ocidental seja uno, existem ocidentalidades, já não se pode usar o termo no singular - não somos orientais, mas também não compartilhamos da ocidentalidade européia ou norteamericana, mas também não somos tupis, ou guaranis, ou quíchuas (hoje em dias, nem os tupis são tupis, nem os guaranis são guaranis). Somos ocidentais latinoamericanos.
Já até ouvi que os ideais iluministas não tiveram nenhuma influência na América Latina. Tenha dó! Ou é muita ignorância, ou muita ingenuidade ou muita babaquice mesmo. É por causa desse tipo de gente que os estudos culturais são, muitas vezes, ridicularizados. Se não fosse o Iluminismo, não seríamos quem somos hoje. O que liam os libertadores latinoamericanos? Em primeiro lugar, tanto Simon Bolívar, quanto San Martin e nossos dois Pedros eram maçons. Em segundo lugar, para aqueles que precisam da "ajuda dos universitários" para compreender a assertiva anterior: qual é mesmo o grande segredo da Maçonaria? "Ah, essa eu sei! É a alternativa A, o Iluminismo."
Nossas culturas são resultantes de uma equação nada simples, mas que envolvem os termos: latinidade, miscigenação, pacto colonial, expansão do império napoleônico, Iluminismo, escravidão, etc, etc, etc. Fomos regidos pela Europa até há dois séculos, se compararmos com a história do mundo, isso foi ontem. Então, não neguem. Uma coisa é estudar o multiculturalismo, outra coisa é inventar uma história que não é a nossa para justificar as falhas de sua formação acadêmica ou para ganhar a simpatia de militantes radicais que reivindicam uma história própria, desconsiderando perspectivas importantes.
Eu sou o próprio multiculturalismo: mulata, latina, mulher e muito mais. Me orgulho de ser o que sou e não posso negar nenhum de meus componentes étnicos, culturais, sociais ou políticos, porque se perderia minha identidade, o mesmo aconteceria com as identidades brasileiras, ou latinoamerianas. Então, que sejam louvados Voltaire, Locke, Montesquieu, Rousseau, Diderot e toda a sua legião.

sábado, 5 de junho de 2010

As coisas mais bonitas do universo

Algumas coisas são bonitas por si mesmas, outras se tornam bonitas pela composição da cena. Já outras, são bonitas porque nos falam ao coração, ou nos remetem a uma lembrança. Resolvi escrever este texto há alguns minutos, quando abri a geladeira e vi umas fatias de melancia. Uma fatia de melancia madura, pra mim, está entre as coisas mais lindas do universo!
E beijo de criança? Quando elas se beijam, ou beijam alguém, parece que há tanta inocência contida naquele momento!
Borboletas. Uma borboleta ou um panapaná, tanto faz, não há quem não abra um sorriso.
Pipas no céu, manchinhas coloridas contra o fundo azul, lembram que em algum lugar tem um criança feliz. Ou um adulto...
Patos deslizando sobre a superfície da água. Nem parecem os bichos desengonçados e barulhentos que são em terra.
Arco íris, gramados, frutas maduras, margaridas, beijos de filmes em preto e branco, cavalos, filhotes de cachorro, ovelhas, vacas holandesas, o amanhecer, o ocaso, nuvens brancas, relâmpagos, barcos no mar, revoadas de pássaro, estrelas, lua cheia, brincadeira de roda, sapos pulando, flores, joaninhas, bebês sorrindo, Tiago.
Estas podem não ser as coisas mais bonitas do universo para você, mas são as minhas coisas mais bonitas do universo.

Quando os anjos caem na terra

Sobrinhos são criaturas mágicas, como os duendes e os anjos. São colocados na sua vida para gerar felicidade e diversão, mas também para nos ensinar a simplicidade das coisas, porque as crianças sempre tem uma explicação para tudo, ainda que sincrética.
Meus cinco sobrinhos são todos bem diferentes uns dos outros. Pedro e Felipe já são adultos e os três pequenos, João, José Emílio e Tiago são umas figuras! É isso mesmo! Todos homens!
Pedro tem um humor extremamente ácido. Suas piadas são muito inteligentes e agressivas.
Felipe é mais parecido com Juliano, tranquilo, bonachão, do mundo nada se leva.
João é o protótipo da criança feliz, sempre disposto, sempre animado.
José Emílio é muito engraçado! Amoroso e com uma gracinha sempre na ponta da língua.
Tiago sempre tem explicação para tudo, e como toda a minha família, sempre tem um caso para ilustrar a conversa! E como toda a família "fala mais que pobre na chuva".
Infelizmente, nenhum deles mora perto o suficiente.
Tiago é quem mais vejo, mesmo assim, não com a frequência que eu gostaria.A saudade é uma constante na relação com meus sobrinhos.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Bonequinha de luxo.

Hoje me dei conta de que nunca falei no blog de uma das pessoas mais importantes da minha vida: a Dandara (é claro que ela é uma pessoa e duvido que alguém aqui tenha algum argumento que me contradiga, porque a Dandara é gente, gente cachorro, mas é gente).
Eu trouxe Dandara para casa quando ela tinha quase 3 meses, a contra gosto de Juliano, que planejava ter uma fêmea de rottweiler. Ela havia sido expulsa de 2 outros lares.
Minha colega Estael me ligou um dia na escola me perguntando se eu não queria uma filhote de poodle, porque se eu não quisesse, o irmão dela ia jogá-la na rua. Aceitei na hora ( já criei cães de várias raças, mas sempre achei que os poodles são os melhores cães para companhia). A cadela não podia ficar no apartamento da Estael, porque quando ficava sozinha roía toda a mobília nova e na casa do irmão de minha colega matou diversas galinhas afogadas na piscina.
Juliano passou todo o trajeto de Planaltina a Formosa elocubrando as maneiras em que o Otto mataria a filhotinha. Mesmo assim deu-lhe um nome, inspirado no romance homônimo de Janaína Amado ("Dandara". São  Paulo: Ed. Maltese, 1995). Ele estava completamente enganado: foi amor a primeira vista.
No começo, como era muito pequena e tínhamos medo que os gatos a ferissem, ela dormiu na nossa cama. Hoje, ela continua dormindo na nossa cama, com a diferença de que ela pensa que a cama é sua e nos faz o favor de ceder espaço.
Dizem que todos os cães merecem o céu, mas como Dandara é extremamente materialista, ela acredita que o céu é aqui. E é mesmo! Dandara tem uma vida luxuosa, nunca gostou da condição canina.
Desde pequena, nunca gostou de brinquedos, ao contrário dos outros de sua raça. Sempre que lhe jogávamos uma bola, nos olhava desapontada, virava-se e saía como quem diz: "eu tenho cara de idiota?". Sempre que lhe dávamos um boneco ou outro brinquedo qualquer, desaparecia.
A coisa que mais alegra a Dandara é ir ao cabeleireiro. Toda sexta ela vai se embelezar. Enquanto a maioria dos cães corre do banho, Dandara dá escândalo de tanta ansiedade quando o Tales vem buscá-la. Se ele demora ou é feriado, ela fica de frente ao portão, esperando.
Come as melhores rações. Passeio? Só de carro, ela detesta andar na rua. Água, só toma se estiver fresca. Manipuladora ao extremo, todo mundo acaba fazendo suas vontade. Só interage com dois cães, o Otto e o Fred (seu parceiro), mais do que isso acho que feriria sua humanidade.
Ela também desenvolveu um tipo de linguagem que indica o que ela quer, qual exatamente a porta que devemos abrir para ela, e outras coisas do gênero.
Mas é uma companheira ímpar. Está sempre ao meu lado. Quando estou doente, fica na cama comigo quase o tempo todo. Sempre que nota que estou chateada fica tentando me animar com carinhos e gracinhas. Não sei o que seria de mim sem a Dandara.