terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A poderosa chefona

Hoje, ganhei um presente que é simplesmente a minha cara, e me dei conta de que nunca falei no blog sobre essa minha faceta, apesar de que, quem me conhece sabe muito bem que eu não consigo ficar longe das panelas por muito tempo.
Na mina família todo mundo sabe cozinhar, cozinha bem e gosta muito de cozinhar! O ritual de cozinhar e comer, cozinhar mais e comer mais parece não ter fim! Para minha sorte, meu marido também adora! Nós somos tão malucos por comida que rola sessões culinárias inclusive nas madrugadas. Mas ninguém gosta de cozinhar por obrigação, de fazer o almoço todo dia... Perde a graça.
Assim, pela primeira vez, vou dar algumas dicas!
Duas coisas que você precisa ter:
- Colher de pau: como o cabo não esquenta, você pode esquecê-la na panela sem o risco de queimar a mão quando retomar.
- Fuê: é um batedor multiuso, similar ao da batedeira. Serve para bater massas leves, molhos para salada e sobretudo mexer o conteúdo da panela naquelas receitas que dizem "mexa sempre até engrossar, para não formar grumos".

Sanduíche:
Sempre que for fazer um sanduíche, lembre-se de passar um molho no pão para que o sanduíche não fique seco, sobretudo sanduíches frios de pão de forma. Eu costumo usar mostarda, maioneses com sabores ou molhos prontos.

Saúde:
Nem tudo que é saudável é ruim. Molhos feitos com vegetais podem ser bem gostosos e podem ser servidos com massas, torradas e saladas.
Creme de abóbora: coloque a abóbora picada e descascada numa panela funda e adicione água até cobrir. Coloque alho e cebola picados e sal a gosto (segredinhos: receitas com creme de leite e requeijão cremoso devem levar um pouco mais de sal, receitas onde o molho deve ferver até reduzir, um pouco menos). Deixe que a abóbora cozinhe até começar a derreter, desligue o fogo e bata a abóbora com a  batedeira dentro da própria panela (daí a importância da panela funda). Ligue o fogo e adicione duas colheres de requeijão cremoso, creme de leite a gosto (não deixe ferver muito porque o creme de leite perde o sabor se cozinhar) e pimenta do reino. Para quem gosta, o cheiro verde é a finalização perfeita. Pode ser servido como um purê de acompanhamento perfeito para carne assada ou camarão; como caldinho em dias frios (para isso coloque um pouco mais de creme de leite para ficar mais ralo) com pedacinhos de queijo gorgonzola, ou molho para massas, coberto com queijo parmesão. Até quem não gosta de abóbora lambe os beiços!

Saladas:
Sempre tempere as saladas! Todo mundo dia que não come salada porque é sem graça, mas a desculpa não cola. Saladas frescas devem ser temperadas na hora de servir, use azeite e vinagre balsâmico que é mais saboroso, use molhos frios e para que gosta, uma ou duas gemas de ovo cozidas dão um toque especial. Mas não encharque a salada, senão fica gosmenta. Saladas cozidas devem ser temperadas pelo menos uma hora antes de servir para que fiquem bem marinadas.

Temperos:
Todo cozinheiro precisa ter o essencial, o essencial pra mim é: sal, alho, cebola, pimenta do reino, páprica picante, noz moscada, manjericão, orégano e pimenta calabresa. Mas sempre procuro comprar temperos diferentes e tenho em minha coleção pimentas rosa, jamaica, de Caiena, anis estrelado, erva doce, cardamomo, alecrim, manjerona, ervas da Provença, hortelã e outros. Não gosto de usar temperos prontos, mas os tenho para emergências e receitas que exigem.

Sempre siga a receita. Só brinque com os ingredientes quando já estiver familiarizado com a receita.
E o presente que eu ganhei? Um avental e um chapéu de mestre cuca com os dizeres "A poderosa chefona". Foi a Émile quem me deu.
(Não tô afim de falar sobre a Líbia, o Kadafi e todo aquele absurdo, hoje.)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Orientes

Há vários dias venho esperando um desfecho de crise no Oriente Médio para fazer uma postagem, digamos, "menos provisória", porque, cá entre nós, desfechos de crises no Oriente Médio nunca são definitivos.
Desde a queda do presidente tunisino, Ben Ali, o espírito revolucionário tem se espalhado como um rastilho de pólvora. E confesso que muito me preocupou a comemoração dos aiatolás, clamando pelas revoluções islâmicas. Não me preocupou o fato das revoluções serem em países de maioria islâmica, mas que essas revoluções fossem feitas aos moldes iranianos, onde Deus é o supremo tirano e pessoas são mortas em seu nome pelos motivos mais banais. Felizmente, agora, o regime dos aiatolás também está na berlinda.
Também fiquei apreensiva com a demora do presidente egípcio, Hosni Mubarak, em ceder (para um cara que passa 30 anos no poder, até que foi rápido, mas as ações de manifestantes pró e contra Mubarak, tornavam-se, a cada dia, mais encarniçadas). E se ele não cedesse? E se os Estados Unidos ou a OTAN invadissem o Egito? E se? E se? No Egito, as coisas ficaram até bem encaminhadas, mas e o Iêmen, o próprio Irã e países monárquicos, como a Arábia Saudita?
Uma coisa que a democratização da informação oferecida pela internet faz é desvelar o mundo. Já não existe segredos sobre o Ocidente, já não parecemos tão satânicos como antes e já vendemos nosso modo de vida e nossos ideais de "igualdade, liberdade e fraternidade" e individualidade.
A globalização da era digital vai muito além de acordos comerciais. Não existe barreira para essa "erva daninha" chamada ocidentalidade, que brota em qualquer terreno, sobretudo em terrenos já arados, prontos para receber sementes trazidas pelos fortes ventos revolucionários. Mas é na verdade, a nossa democracia, que tanto interessa a esses revolucionários. Os chefes de Estado médio orientais não contavam que, comprando nosso modo de vida, viria no pacote também o desejo por livre arbítrio. Não há como ser somente meio ocidental ou meio oriental, a globalização tem um preço muito alto a se pagar. O mundo ficou pequeno e desnudo.