terça-feira, 7 de junho de 2011

Click

De vez em quando, eu gosto de mudar tudo: meu guarda-roupa, a cor da parede e até minha opinião. Já deu para perceber pelo blog, claro. E eu acabei de me fazer uma nova proposta.
As fotos que uso por trás do título do blog, são sempre fotos tiradas por mim, então, por que não usar sempre as minhas fotos?
A partir de hoje, todas as fotos aqui expostas serão de minha autoria. Se ficar uma droga, manifestem-se, por favor.

domingo, 5 de junho de 2011

Feijão maravilha

Causa estranheza em qualquer um quando alguém diz "não gosto de feijão". Uma pessoa que diz não gostar de feijão não é digna de confiança, deve ser algum tipo de espião extraterrestre. Se especificar dizendo: "não gosto do feijão como fazem no Piauí" ou "não gosto do feijão que minha avó faz" ou ainda "não gosto de feijão carioquinha" é uma coisa (fora que ninguém sabe porque aquele feijão é carioca se no Rio só se come feijão preto). Mas se diz "detesto feijão", generalizando, manda prender ou internar porque ou é espião internacional ou é doido de pedra!
Eu adoro feijão! Qualquer tipo de feijão! E quem já provou do meu feijão sabe que em minha cozinha ele é uma estrela. Como moro numa região que produz feijão a variedade que se pode encontrar com os pequenos produtores é incrível! Minha própria mãe planta feijão em sua chácara, só para o deleite da família. Só esse ano, ela já me deu mais de 20 litros de feijão - isso mesmo: os pequenos produtores fazem a medição do feijão em litros. Feijões roxinho, roxão (se diferenciam pelo tamanho do grão), trio de ferro (riquíssimo em ferro e produz grãos de três diferentes cores), fogo na serra (grão dourado), safira (avermelhado e saboroso) e o meu favorito o inigualável feijão preto. Até as favas, que em minha região só usam para alimentar porcos, eu adoro (e sinceramente acho um grande absurdo alimentarem os porcos com alimentos tão versáteis como fava e abóbora).
 Além de tudo, sou completamente viciada, se deixo de comer feijão por uns dois dias - sempre por motivo de viagem, pois feijão não é coisa que se coma em qualquer lugar: feijão fermentado intoxica e pode até matar - não é lenda: há alguns anos vários funcionários de uma fábrica de ração no Paranoá - DF se intoxicaram e alguns vieram a óbito por intoxicação alimentar causada por feijão - sinto fraqueza e dores nas pernas, crise de abstinência, claro.
Ontem, Juliano recebeu seus alunos do curso especial para comemorarem com um almoço. Eu e minhas fiéis ajudantes Dete e Tina fizemos mais de 10 litros de chili, além dos outros prato. Tinha mais ou menos 50 pessoas no auge da festa e muitos sequer chegaram a provar do chili, porque foi a única coisa que realmente acabou. Por isso, reitero: se você não consegue gostar de feijão ou muda a receita, ou procura um psiquiatra porque você não é normal, e pouco confiável para dizer o mínimo.





As Frenéticas - Feijão Maravilha
Dez entre dez brasileiros preferem feijão
esse sabor bem Brasil
verdadeiro fator de união da família
esse sabor de aventura
famoso Pretão Maravilha
faz mais feliz a mamãe, o papai
o filhinho e a filha

Dez entre dez brasileiros elegem feijão!
Puro, com pão, com arroz
com farinha ou macararrão
macarrão, macarrão!
E nessas horas que esquecem dos seus preconceitos
gritam que esse crioulo
é um velho amigo do peito

Feijão tem gosto de festa
é melhor e mal não faz
ontem, hoje, sempre
feijão, feijão, feijão
o preto que satisfaz!...

(Lilian: eu nem sei porque colei essa letra aqui, acho simplesmente horrível e socialmente inaceitável, mas era o tema da novela e empresta o nome a postagem, talvez seja esse o motivo)


Chili com carne - retirada de Cozinha do Mundo vol. 19 - Estados Unidos da Ed. Abril

2 colheres de óleo de milho - 2 dentes de alho picados - 1 cebola bem picada - 1/2 pimentão sem sementes picado - 600g de patinho moído - 4 tomates maduros, sem pele e picados - 300g de feijão mulatinho cozido - 150g de purê de tomates - 1 pitada de cominho - 1 pitada de páprica picante - 1 pitada de pimenta de caiena - 1 pitada de tomilho - 1 pitada de orégano seco - sal a gosto - pimenta do reino a gosto

Em uma frigideira com o óleo, em fogo médio, refogue rapidamente o alho a cebola e o pimentão. Quando começar a amaciar, acrescente a carne moída. Junte os tomates, o feijão, o purê de tomates e as especiarias (cominho, páprica, pimenta de caiena, tomilho e orégano). Cozinhe por cerca de 30 minutos. Acerte o sal e a pimenta. Sirva bem quente.  

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Outono

Pela janela do meu quarto vejo as folhas da parreira mudarem de cor e caírem, assim como meus cabelos. É o outono de minha vida.
As pessoas dizem: "Como você está magra! Está linda!" - não me sinto assim. Faltam doze quilos e aquela silhueta esguia no espelho só me lembra as velhas esquálidas de minha família, apesar de ter o mesmo peso que tinha aos 17. Eles simplesmente se foram, me abandonaram, há um ano, levados por uma misteriosa sindrome reumática.
Meu guarda-roupa, já não me pertence. Todas aquelas roupas coloridas, leves, ficarão guardadas até que meu próprio sol volte a brilhar, se voltar. Parecem roupas de alguém bem mais jovem, em plena primavera.
Minha família frutifica, sobrinhos nascem e são gerados por jovens árvores, que ainda estão floridas: Eduardo e vindo Ana Luiza ou talvez Pedro Lucas.
Me inquieta o medo do meu próprio inverno, o medo da dor e da degeneração precoce. Meus joelhos doem e os pedidos de exame continuam dentro da minha bolsa. Um sopro do vento gelado do outono prenunciando o inverno e o sopro do meu coração que eu não quero que os médicos ouçam.