Tanto tempo.
Não há o que fazer.
Parece muito, mas é pouco.
Passaram muito rápido os dias.
Quase quatro meses.
Não há nada pra fazer, então eu pinto, colo, jogo...
Há tanta coisa que eu poderia...
Que eu queria fazer...
Mas dói.
As letras dançam.
O pensamento vagueia.
Me sinto tão sozinha.
É como se a dor me deixasse invisível.
Parece que ninguém sabe.
E eu quero gritar.
Quero chorar, berrar.
Os cães me distraem um pouco.
Sorrio.
Pergunto.
Pergunto.
As vezes nem escuto resposta.
Hoje é um dia péssimo.
Os ruins tem sido maioria.
Não quero sair.
Nunca mais.
Pelo menos hoje.
Quero o céu azul amanhã.
Me sinto tão pequena.
Tenho saudade de mim.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Muito prazer, eu sou Alice
O cinema tem o poder de reacender a curiosidade do público pelos clássicos literários. Lembro-me que quando estreou "O amor nos tempos do cólera" (que diga-se: não é lá um grande filme), era completamente impossível comprar qualquer livro de Garcia Marquez.
Com "Alice no País das Maravilhas" (que eu ainda não vi) aconteceu o contrário. O mercado editorial foi inundado com as mais diferentes Alices, com livros lindos e ilustrados de formas belíssimas. Eu mesma não resisti e comprei uma edição. Já havia planejado comprá-la quando a vi numa revista: traduzida pelo Nicolau Sevcenko, ricamente ilustrado por Luiz Zerbini e com aquele cuidado que só a Cosacnaify tem.
Enfim, estou relendo Alice. Mas sempre que eu leio, vejo muito dela em mim.
"Alice no País das Maravilhas" era um dos meus livros de cabeceira quando criança. Aquele livro que você carrega debaixo do braço e pede para qualquer um que conheça o segredo das letras para ler para você, que sua mãe lê na hora de dormir. Meu tio Nenê era a pessoa que mais lia para mim.
Percebo agora, adulta, que essa personagem teve grande influência na formação de minha personalidade. Falo comigo mesma o tempo todo, me repreendo, me dou idéias e conselhos, como se a minha consciência fosse dupla. Converso com animais e as figuras de papel que recorto, como se fossem capazes de me responder e sobretudo: sempre tenho idéias mirabolantes! Atualmente, tenho tido mais idéias mirabolantes que o normal, acho que é um mecanismo de fuga.
A dor sempre foi uma constante na minha vida, toxoplasmose, gastrite, tendinite, doenças reumáticas. E quanto mais dói, mais mirabolantes são as minhas idéias. Fora minha mãe e suas vanguardas pedagógicas, sempre acreditando que liberdade é requisito básico ao aprendizado. Barracas de lençol, casinhas nas árvores, acampamentos no jardim, caracóis, formigas, borboletas, minhas bonecas, meus livros, as agulhas e linhas para as roupas das bonecas, lápis de cor, canetinhas, tintas, papéis e figurinhas - esse era meu mundo de criança, acho que não mudou muito continuo costurando, pintando, recotando, colando, desenhando, lendo, escrevendo e brincando (lendo um pouco menos, porque minha concentração está meio prejudicada), tudo ao mesmo tempo.
Espero que nenhum psiquiatra leia isso, porque do contrário, posso estar muito encrencada.
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