domingo, 20 de fevereiro de 2011

Orientes

Há vários dias venho esperando um desfecho de crise no Oriente Médio para fazer uma postagem, digamos, "menos provisória", porque, cá entre nós, desfechos de crises no Oriente Médio nunca são definitivos.
Desde a queda do presidente tunisino, Ben Ali, o espírito revolucionário tem se espalhado como um rastilho de pólvora. E confesso que muito me preocupou a comemoração dos aiatolás, clamando pelas revoluções islâmicas. Não me preocupou o fato das revoluções serem em países de maioria islâmica, mas que essas revoluções fossem feitas aos moldes iranianos, onde Deus é o supremo tirano e pessoas são mortas em seu nome pelos motivos mais banais. Felizmente, agora, o regime dos aiatolás também está na berlinda.
Também fiquei apreensiva com a demora do presidente egípcio, Hosni Mubarak, em ceder (para um cara que passa 30 anos no poder, até que foi rápido, mas as ações de manifestantes pró e contra Mubarak, tornavam-se, a cada dia, mais encarniçadas). E se ele não cedesse? E se os Estados Unidos ou a OTAN invadissem o Egito? E se? E se? No Egito, as coisas ficaram até bem encaminhadas, mas e o Iêmen, o próprio Irã e países monárquicos, como a Arábia Saudita?
Uma coisa que a democratização da informação oferecida pela internet faz é desvelar o mundo. Já não existe segredos sobre o Ocidente, já não parecemos tão satânicos como antes e já vendemos nosso modo de vida e nossos ideais de "igualdade, liberdade e fraternidade" e individualidade.
A globalização da era digital vai muito além de acordos comerciais. Não existe barreira para essa "erva daninha" chamada ocidentalidade, que brota em qualquer terreno, sobretudo em terrenos já arados, prontos para receber sementes trazidas pelos fortes ventos revolucionários. Mas é na verdade, a nossa democracia, que tanto interessa a esses revolucionários. Os chefes de Estado médio orientais não contavam que, comprando nosso modo de vida, viria no pacote também o desejo por livre arbítrio. Não há como ser somente meio ocidental ou meio oriental, a globalização tem um preço muito alto a se pagar. O mundo ficou pequeno e desnudo.

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