quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Édipo em Cuba



Sempre que vou me consultar converso com a Dra. Manuela, minha médica cubana, sobre a situação de seu país. Ela jamais se esquece de me passar os informes, uma vez que meu sobrenome é Castro, como de seu "amado" Fidel. Ela me contou que seu visto de entrada foi negado pela terceira vez consecutiva e ficará mais alguns anos sem visitar sua família. Durante a conversa contei a ela sobre a blogueira cubana Yoani Sanchéz, agredida pela polícia política de Cuba e ela me contou histórias de pessoas que desapareciam sem aparente motivo e de outras que se opuseram abertamente ao regime. Entre uma frase e outra repetia em portunhol "asesino, aquele homem é uno asesino". Veio-me a mente a leitura que eu havia feito de "Édipo rei" durante a madrugada. Fidel chega ao poder em Cuba assim como Édipo, como um libertador. Representava a salvação e mudança. Assim como Édipo, seu povo o considerava o primeiro dentre os mortais, o herói. Mas, assim como Édipo acabou trazendo a desgraça, a vergonha e a infelicidade para seu povo, por meio de seus próprios atos: matando o ideário original da revolução cubana e tornando-se um tirano, perpetuando-se no poder atrás da fachada de seu irmão nada carismático, Raul. Difere-se do herói de Sófocles por não reconhecer sua culpa, apesar de sabê-la, exila seus compatriotas que nada fizeram além de procurar em outras terras a dignidade que lhe é negada em sua pátria. Queria eu ver o dia em que Fidel dilacerasse seus olhos e saísse a vagar sem rumo, e que se batesse aos portões de Cuba fosse escorraçado... Pobre Édipo, vítima de sua moira... Pobre Cuba, vítima de seu Édipo...

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