quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aura


Estava discutindo com minha orientadora (que por sinal é a Émile) sobre o projeto que quero desenvolver para minha monografia da especialização, que como tudo que produzo com alguma seriedade, envolve gênero e literatura - de preferência, realismo mágico. A Émile me indicou uma novela de Carlos Fuentes, entitulada "Aura". Me custou oito reais numa edição de bolso. INCRÍVEL! MARAVILHOSA! FANTÁSTICA! Fiquei aprisionada na poltrona da primeira a última linhas do livro. Todo ser humano, alfabetizado, precisa ler aquilo! E os analfabetos precisam aprender a ler com urgência para tal fim! Ainda estou embasbacada! Eu ainda não sei se o livro é extremamente genial ou se é ultra genial! Quando leio esse tipo de texto, me lembro exatamente porque me apaixonei tão perdidamente pelo realismo mágico e porque tenho resistência aos autores não latinos. Uma coisa que me fascina nele é a proximidade com a história latino americana, com seus saberes, seus fazeres e seu imaginário. Tudo pode acontecer na Latino América, e os acontecimentos mais bizarros, plenamente aceitáveis, se ligados ao espiritual, ao místico, completamente normal! Minha avó não ia se chocar se eu lhe contasse da chuva de flores amarelas em Macondo, provavelmente ainda teria uma história de uma chuva tão estranha quanto. Meu bisavô teve três filhos com uma prostituta, após ter ficado viúvo, e depois disso, se casou com minha bisavó, praticamente uma menina (e ele já tinha netos), que estranheza "Memórias de minhas putas tristes" causaria em alguém da minha família? O sobrenatural e o bizarro do realismo mágico só existe porque nossos padrões de normalidade se ocidentalizam cada dia mais, porque refletimos com os olhos dos ocidentais que queremos ser, não a partir de uma crítica latino americana, não com base em nossa cultura, nossa oralidade. Ainda concordo com Machado de Assis: "Somos mais gregos que tupis", mais não fazemos parte da ocidentalidade hegemônica, somos, no máximo, como diria meu marido, ocidentais de periferia (ou será que foi o Canclini?). O fantástico, o sobrenatural, o absurdo faz parte de nossa história. E falando em história, "Aura" me marcou de forma especial: além de ser narrado em segunda pessoa (o que eu adoro), o personagem que o leitor deve "encarnar", é um historiador que se sustenta como professor e se vê seduzido por um anúncio de emprego...
P.S.: Fernandinha, corra, compra e leia esse livro o quanto antes!

Um comentário:

  1. rsrs adorei a dica!!! Amanhã passo na Saraiva para ver se acho... rsr beijos minha amiga querida...

    =)

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