quinta-feira, 10 de junho de 2010

Multiculturalismo e hipocrisia


Um dia desses, conversava com minha amiga Michelle sobre a idéia de pós modernidade, como as idéias e os discursos ficaram estanques e embaralhados ao mesmo tempo. Uma das idéias que muito me chamam a atenção é a de uma identidade latinoamericana distanciada de heranças européias. Como assim? Cadê o tal do multiculturalismo?
Não somos culturas cafuzas onde somente os elementos marginalizados tiveram influência relevante. Somos culturas crioulas, híbridos de latinos colonizadores, culturas locais e incorporadas, ou alguém nesse planeta desconhece o significado de latino? Nós falamos português e espanhol. Nosso ethos é ocidental, com grandes influências ameríndias e africanas, mas somos reconhecidamente ocidentais . Sem hipocrisia, também não se pode acreditar que o ethos ocidental seja uno, existem ocidentalidades, já não se pode usar o termo no singular - não somos orientais, mas também não compartilhamos da ocidentalidade européia ou norteamericana, mas também não somos tupis, ou guaranis, ou quíchuas (hoje em dias, nem os tupis são tupis, nem os guaranis são guaranis). Somos ocidentais latinoamericanos.
Já até ouvi que os ideais iluministas não tiveram nenhuma influência na América Latina. Tenha dó! Ou é muita ignorância, ou muita ingenuidade ou muita babaquice mesmo. É por causa desse tipo de gente que os estudos culturais são, muitas vezes, ridicularizados. Se não fosse o Iluminismo, não seríamos quem somos hoje. O que liam os libertadores latinoamericanos? Em primeiro lugar, tanto Simon Bolívar, quanto San Martin e nossos dois Pedros eram maçons. Em segundo lugar, para aqueles que precisam da "ajuda dos universitários" para compreender a assertiva anterior: qual é mesmo o grande segredo da Maçonaria? "Ah, essa eu sei! É a alternativa A, o Iluminismo."
Nossas culturas são resultantes de uma equação nada simples, mas que envolvem os termos: latinidade, miscigenação, pacto colonial, expansão do império napoleônico, Iluminismo, escravidão, etc, etc, etc. Fomos regidos pela Europa até há dois séculos, se compararmos com a história do mundo, isso foi ontem. Então, não neguem. Uma coisa é estudar o multiculturalismo, outra coisa é inventar uma história que não é a nossa para justificar as falhas de sua formação acadêmica ou para ganhar a simpatia de militantes radicais que reivindicam uma história própria, desconsiderando perspectivas importantes.
Eu sou o próprio multiculturalismo: mulata, latina, mulher e muito mais. Me orgulho de ser o que sou e não posso negar nenhum de meus componentes étnicos, culturais, sociais ou políticos, porque se perderia minha identidade, o mesmo aconteceria com as identidades brasileiras, ou latinoamerianas. Então, que sejam louvados Voltaire, Locke, Montesquieu, Rousseau, Diderot e toda a sua legião.

3 comentários:

  1. Ai que bobagem essa história de negar que a gente descende de brancos colonizadores... Bobagem! Essa perspectiva que nega uma parte do mundo pra tentar evidenciar a outra parte que sempre foi desfavorecida é um grande equívoco!

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  2. Amiga o site das imangens é esse: http://weheartit.com/

    e o site das marcas é esse:
    http://convite.privalia.com/index.asp?provider=pvlgookey

    Beijos

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